Niède Guidon

Biografia

Niède Guidon é arqueóloga responsável pela teoria do primeira povoação da América ter início muito antes do que se acredita, na região onde hoje é o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí.

Formada em História Natural pela USP, com doutorado em pré-história pela Sorbonne e especialização na Université de Paris. Seu primeiro contato com o que viria a ser o parque foi em 1963 em uma exposição no Museu Paulista, que expunha pinturas rupestres de Minas Gerais. Lá recebeu a visita de um morador de São Raimundo Nonato, que lhe informou existir pinturas semelhantes em sua cidade no sítio arqueológico de Coronel José Dias, (a cerca de 525 km de distância de Teresina) no Piauí. Porém conseguiu visitar o Piauí somente em 1973, após cerca de 8 anos fora do Brasil, lecionando na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris.

Em 1973 integrou a missão Arqueológica Franco-Brasileira,parceria com o Museu de História Natural de Paris para desenvolvimento de projetos de arqueologia, e concentra no Piauí seus trabalhos desde então. Esse enfoque dado à região culminou na criação do Parque Nacional da Serra da Capivara por iniciativa de Niède, dirigido pela mesma. Além disso, ela atuou como Diretora Presidente da Fundação Museu do Homem Americano.

Premiações

  • Prêmio Faz Diferença, entregue pelo jornal O Globo - 2005

  • Medalha comemorativa pelo aniversário dos 60 anos da Unesco, em Joanesburgo, África do Sul - 2010

  • Medalha de ouro pelo primeiro lugar na premiação para a Cultura do Herity Italia - 2010

  • Prêmio Tejucupapo da revista Nordeste Vinte um - 2010

  • Prêmio da Fundação Conrado Wessel na categoria cultura, por seu trabalho na Fundação Museu do Homem Americano - 2013

  • Prêmio Itaú Cultural 30 Anos na categoria Inspirar - 2017

A luta pela conservação do parque continua sendo protagonizada por Niède, que com mais de 85 anos pensa em se aposentar mas não tem a quem deixar seus projetos para continuidade.

A hipótese de Niède

Os achados arqueológicos de Guidon levam a crer que o povoamento do continente americano se deu muito antes do que se acredita. Enquanto a hipótese mais aceita do povoamento das Américas postula que os primeiros humanos chegaram no continente há 15.000 anos, alguns dos sítios arqueológicos de Niède contém artefatos que datam de até 58.000 anos atrás. O problema de sua hipótese é que Guidon e sua equipe têm por artefatos o que outros têm por geofatos – os primeiros sendo produtos do trabalho humano e os últimos da ação de forças naturais.

Em 2006, divulgaram-se os resultados das pesquisas de Eric Boeda, da Université de Paris, e Emílio Fogaça, da Universidade Católica de Goiás, afirmando que os artefatos achados por Niéde em 1978 no Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, foram realmente feitas por seres humanos, e possuem idade entre 33 mil e 58 mil anos, contrariando os adversários de sua hipótese. Com uma grande equipe trabalhando para si e com inúmeros projetos em andamento, Guidon espera reescrever a versão corrente da história demográfica do homem. Embora sua hipótese tenha lacunas, o acúmulo de evidências arqueológicas fortalece cada vez mais suas hipóteses. O seu trabalho resultou em mais de 1,3 mil descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis na região da caatinga.

foto da pinturas rupestres

Um pouco da Serra da Capivara - o paraíso "descoberto" por Niède

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