Arlette Pinheiro da Silva Torres

ou Fernanda Montenegro

Matriarca da Dramaturgia

Fernanda Montenegro interpretou com perfeição tantas mães em sua carreira que não é exagero nenhum dizer que Fernanda é, sim, a grande matriarca da dramaturgia brasileira.

Arlette Pinheiro Esteves da Silva Torres, conhecida pelo seu nome artístico, Fernanda Montenegro, é a primeira dama do cinema, da televisão e do teatro, apesar de não sentir-se à vontade com o termo. Única brasileira a concorrer ao Oscar. Primeira a ganhar um Emmy. Há poucos meses de completar 90 anos de vida e 75 de carreira.

Carregada de uma elegância e humildade, Fernanda Montenegro fez questão de dividir a glória, dizendo não estar sozinha e que há muitas outras atrizes e atores dividindo o posto mais alto com ela. Não é exatamente o que diz que vive da dramaturgia brasileira. A soberania de Fernanda é raramente contestada entre críticos, colegas de trabalho, diretores e autores.

Foto de Fernanda Montenegro

PODER FEMININO - Apesar de não aceitar rótulos de reverência, Montenegro admite que através do seu trabalho, pode exaltar o poder feminino, inspirando muitas outras mulheres.

“Ah, sim… Acho que consegui fazer isso. A gente não pode deixar pra amanhã. Sou uma mulher que sempre me assinei, sabe? E também tive um homem, por 60 anos, o Fernando Torres, que jamais disputou masculinidades inúteis. Pelo contrário. Um homem que sempre me apoiou. E se não fosse assim, não estaríamos juntos. Nem ele, nem eu”.

Foto da atriz Fernanda Montenegro

"Eu penso na finitude, porque está perto. Tenho menos tempo adiante do que aquele que já passou. E isso não é uma festa. Na hora de ir, eu vou ter pena. Eu gosto muito da vida, o que eu vou fazer?"


“O teatro e a educação devem caminhar juntos; educar não é só ensinar a ler e escrever, é ensinar a pensar e sentir mundo de outras formas.”.


Foto da atriz Fernanda Montenegro

A decepção com o país - Há 20 anos, durante uma entrevista, Montenegro deu o seguinte depoimento: “O jovem deve viver seu presente, seus valores, devem se agrupar e devem discutir o Brasil de agora. E não jogar isso para o futuro um dia. Por que pode dar no que deu o Brasil”. Em 2019 e o recado é "Não sei porque o Brasil caminhou para o nada. Com a idade que estou, atravessei nove décadas. Sempre havia uma esperança para daqui a pouco. Uma esperança de governo. A maior parte não aconteceu. Chegamos no fundo do abismo. Talvez alguma coisa ainda venha pra nos salvar, nos trazer uma saída honrosa, que está desesperador. O brasileiro tem que ter uma esperança ativa. Não adianta ter esperança e ficar sentado. Tem que acordar e ir à luta.”

Para Montenegro, a felicidade está nas coisas mais simples da vida: “O que me faz feliz é ainda acordar e andar, ter conexões no meu viver, estar ainda trabalhando, conseguindo ter uma dinâmica de vida que não posso deixar de agradecer à Deus, à natureza, aos meus pais. É ter conexão com a vida.”

Um conselho “Se você tem uma vocação, vá nela. Se fizer isso, metade da sua vida está resolvida. Se você dribla a vocação, não terá sossego, eu acho. Pode até viver bem. Mas para o que for, na vida, faça isso, se não, metade do teu sentir táesconectado”.

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