Coisa de mulher?
Essa é Maud Wagner, a primeira tatuadora conhecida da história que revolucionou a sociedade e a cultura de sua época através do seu corpo e da sua própria arte. É difícil imaginar sequer que uma mulher, vivendo em uma época onde era preciso de autorização para andar na rua sozinha, pudesse ter uma tatuagem e, quando a tinha, essa em geral era vista como um objeto grotesco. Mas, como em toda a história da humanidade, uma mulher surgiu para revolucionar a cultura e dizer que sim, mulheres podem exercer a função que quiserem.
"Eu só aceito ir num encontro com você se me der uma aula de como tatuar"
Sua História
Maud nasceu no estado do Kansas (EUA) no ano de 1877 e antes de ingressar na carreira de tatuadora, ela era uma artista circense. Em 1904, atuava como acrobata e contorcionista quando conheceu Gus Wagner – o homem mais tatuado do mundo na época -, que lhe chamou para um encontro, Maud disse que só aceitaria se ele lhe desse uma aula de como tatuar. Anos mais tarde, os dois se casaram. Ela aprendeu com Gus a técnica de handpoked, que é a tatuagem completamente artesanal, sendo o desenho feito sem qualquer uso de máquina. No ano de 1911, Maud já era uma tatuadora prestigiada e com uma grande lista de clientes, lutou contra o preconceito e o próprio machismo para se manter na profissão que amava. No mesmo ano, ela também já havia coberto praticamente todo o corpo com tatuagens feitas por ela e por seu marido. Durante suas viagens, Maud levava não somente a arte, mas também a sua própria figura enquanto tatuadora, abrindo portas para que outras mulheres pensassem na possibilidade de tatuarem e de serem tatuadas.
Maud faleceu em 1961, época em que a tatuagem ainda era extremamente marginalizada para homens e algo praticamente impossível para as mulheres, porém, ela deixou um importante legado, um legado que levou muito mais mulheres a enfrentarem a sociedade. Maud é um símbolo de liberdade para as mulheres, liberdade sobre os seus próprios corpos, pensamentos e identidade. Maud teve uma filha que seguiu os seu passos, tornou-se uma mulher respeitada na história da tatuagem e ampliou ainda mais o horizonte feminino dentro do campo. Em 2012 o número de mulheres tatuadas nos Estados Unidos era maior do que o de homens, na Inglaterra o número de tatuadoras mais do que dobrou na última década e no Brasil as tatuadoras já representam 45% dos profissionais presentes no mercado.
